Eu sou filho da embira de amarrar saco
Sou prima da corda, que por sinal é filha de Seu Agave
Já amarrei muitas bocas, já viajei pra cidade
Servi de cinturão nas calças do meu patrão
Já fui usada para amarrar burro brabo
Já fui cadeado de porteira
Fui parar no pescoço de Jovita
A cadela de estimação do menino João
Sou vegetal forte brotada do chão
Não tenho muito pretensão
Posso até virar peça de arte
Mas, meu desejo mesmo é me acabar no sertão
Ser enterrado num monturo
Bem perto da latadinha onde se sente
O cheiro do café sendo torrado
Onde as meninas de tarde sentam-se lá no batente
Falando dos namorados
Esperando pelo pai que vai chegar do roçado
Meu nome é Ouro branco, a fibra do Sisal
Nascida lá no sertão
Autora: Maria da Paz (Picuí-PB)
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