Velha lamparina que iluminavas as casas dos pobres. Ficavas no lugar mais alto; soberana e imponente, como uma rainha no seu trono. O local onde ficavas acesa durante toda noite; ficava preto de tisna (tanto a parede, quanto o telhado); como a delimitar teu território. O teu combustível era o querosene (de preferência "jacaré"). Toda bodega vendia o querosene. Vendia-se em litros, garrafas e meias garrafas. Os que tinham mais condições financeiras, compravam em latas de vinte litros; e essas latas posteriormente serviam para transportar água, armazenar sementes e várias outras utilidades. Quando o pavio da lamparina ficava curto demais, era substituído por outro feito pela própria dona da casa. A lamparina também serviu de brinquedo para as crianças; que brincavam fazendo bichos com as mãos na luz que projetava as sombras na parede. Outras crianças brincavam com a chama, passando o dedo na mesma ou queimando um pequeno inseto. Em uma casa haviam várias lamparinas; pois as mesmas tinham um baixo preço. As pessoas que saiam a noite à casa dos vizinhos, à "boca-da-noite"; levavam suas lamparinas para clarearem as estradas escuras; tendo em vista que as casas eram distantes uma das outras. A velha lamparina foi ficando de lado quando surgiram as lanternas a pilha e foi aposentada quando a energia elétrica chegou.
Rubens Campos
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