Os engenhos que moíam várias toneladas de cana de açúcar todos os dias, desapareceram do cenário do sertão nordestino. Muitos estão em ruínas. Outros venderam partes de suas máquinas e utensílios para colecionadores de antiguidades e até museus.
O sertão no tempo dos engenhos era muito movimentado. Dezenas de burros pelas estradas, transportando a cana até o engenho. Os “cambiteiros” eram quem transportavam (nos cambitos), os feixes de cana para o engenho. Os engenhos do sertão moíam as canas e transformavam em rapadura; (quase toda produção). Quando as rapaduras estavam prontas; os “cambiteiros” tornavam a transportar (dessa vez, em caçuás) até a casa do encomendante. O pagamento ao dono do engenho, era feito com a própria produção de rapadura, na proporção de 10%. Quando as rapaduras chegavam à casa do encomendante; eram armazenadas em um caixote de madeira com tampa. Nesse caixote as rapaduras ficavam conservadas por anos.
De longe se avistava a chaminé do engenho a expelir a fumaça com cheiro agridoce. O movimento no engenho era intenso; com os “cabras” no eito. Juntas de bois puxavam a roda da bolandeira, que fazia girar a moenda. Os “cabras” transportavam os fardos de cana até a fornalha; que era alimentada com lenha e o bagaço da cana depois de moída. Tanques com a garapa armazenada, aguardando ser levada para os tachos de cobre; para ser submetida ao fogo (brando); até atingir o “ponto”; que não é nada mais, nada menos que o mel de engenho.
Antigamente, a rapadura era o produto sólido originado da raspagem das camadas de açúcar, que ficavam grudadas nos tachos de fabricação do produto. A rapadura era fabricada a partir da fervura da garapa; e em seguida era moldada e seca. A fabricação de rapadura iniciou-se no Brasil no início do século XVI e servia de alimento para os escravos. A rapadura tornou-se parte da dieta alimentar do sertanejo; e ainda hoje é considerada “comida de pobre”.
Na Várzea da Caatinga, havia o engenho “dos regalados” (no povoado rodeador). Além das rapaduras e do mel; os engenhos também fabricavam os “puxa-puxa” e os “alfenins”; que era a alegria da meninada do sertão
A rapadura é produzida em mais de 30 países do mundo. O Brasil é o 7º produtor mundial; sendo o Ceará o principal produtor. O estado de Minas Gerais é o 2º produtor e responde por 27% da produção nacional.
Portanto, os engenhos que fabricavam toneladas de rapadura todos os anos, diminuíram drasticamente; em detrimento da produção de açúcar e álcool hidratado; principalmente do álcool hidratado, que movimenta a indústria automotiva de vários países do mundo.
Rubens Campos.
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