quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

CRÔNICA: Placa Mãe Não Gera Filhos

Já faz alguns anos, foi lançado o filme “O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON” onde o autor retrata a historia do nascimento ao inverso, a pessoa nasce adulta e vai regredindo até morrer.
Não vi o filme e pelo que ouvi acho que não gostaria, seria grotesco demais.
Estamos na era da eletrônica e da alta tecnologia, robôs já fazem serviços domésticos e cachorros de lata vigiam as casas.
Uma das primícias do ser humano é envelhecer.
Os jovens ainda não entenderam isto.
As geringonças eletrônicas não envelhecem, ficam absoletas e logo são substituídas por outra mais moderna, a tecnologia avança a passos largos e é mutante, muitas vezes deixando para trás sentimentos de ternura.
Os filhos hoje entendem muito de Disco Rígido.
Houve tempos que o pai era chamado de “esteio da casa”, para os mais jovens, esteio é a peça principal de um telhado, hoje o disco rígido armazena as informações que cada um acha do seu agrado e os esteios vão ficando esquecidos na lixeira ou se tornam simplesmente um rascunho.
Os filhos agora entendem muito de Placa Mãe.
Que não chora e não pode gerar filhos.
Mas é a responsável pelo funcionamento da maquina onde todos os componentes são acoplados e sem ela o computador não existiria.
Igualzinho à Mãe de carne e osso, que abraça todos os filhos com amor e carinho e sem ela a família não existiria.
O problema é que ela pensa e não aceita ser formatada na hora que o filho quiser.
Os pais não são perfeitos como os computadores, então é preciso deletar lembranças de ser empurrado em carrinhos de bebês e de noites mal dormidas porque alguém chorava ou ficava doente.
Para quê conversar com quem não se deixa ser modificado num simples apertar de uma tecla?
Os amigos agora são virtuais.
Os amores são superficiais.
Nós, acima dos 50 anos estamos sendo vencidos pela tecnologia que oferece muito mais atrativos para os nossos filhos.
Que só pensam em nos deletar
Na mesma proporção que a tecnologia avança, os corações embrutecem e o pensamento é sempre vencer mais um desafio destes jogos violentos que nada acrescenta no crescimento moral e intelectual de quem se deixou escravizar por uma maquina.
Os nossos filhos!
Que se trancam nos quartos.
Seu disco rígido não tem espaço para momentos de cumplicidade com os pais.
Sua memória RAM não consegue lembrar quantos abraços e beijos foram compartilhados.
Para que conversar com que responde no mesmo tom ou com alguma autoridade?
As maquinas humanas que formataram suas vidas com carinho e amor, sem disco rígido e sem placa mãe, estão ultrapassadas e precisam ser jogadas em um quartinho dos fundos, misturando-se com as geringonças eletrônicas absoletas.
Alguns receberão uma visita de vez em quando em um asilo de caridade.
Se os jovens não pararem para pensar e realmente fizerem a inclusão do amor junto coma inclusão digital, daqui a poucos anos o mundo será habitado apenas por robôs e os da minha geração irá se encontrar com a mãe terra muito antes do que pensava.
Enquanto eu tiver forças vou lutar contra este senhor de engenho chamado computador que escraviza nossos jovens.

Fonte: Usina de Letras
Autor: Geraldo Eustáquio Ribeiro

Um comentário:

  1. Boa noite,

    Sou o autor deste texto. Obrigado por divulgar.Gostaria que desse uma olhada no meu blog www.umavozdebetim.blogspot.com

    Um abraço, paz e bem
    GERALDO RIBEIRO

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