FIANDEIRAS DO NORDESTE:

As fiandeiras do nosso sertão nordestino, fiavam o algodão e transformavam em cordões, linhas, pavios, punhos de redes, etc. Tudo começava pela colheita do algodão nos campos. O algodão era limpo (limpeza manual e grosseira, com a retirada dos corpos estranhos e dos chumaços de seus capuchos), as sementes de algodão eram extraídas às maniveladas do descaroçador. O batedor permitia a separação das impurezas menores, dando lugar, então ao desembaraçamento das fibras. O fio era obtido através de um movimento de torção das fibras do algodão. Esse movimento era feito através do uso do fuso ou de uma roca. O fuso se assemelhava à um pião. Com o rodar do mesmo, as fibras vão se torcendo, gerando o fio. A roca tem a mesma função, sendo girada através do auxílio de um pedal, que lhe confere maior produtividade do que o fuso. Durante muitos séculos a transformação do algodão em fios, esteve puramente confinada à industria caseira e praticamente só realizada por mulheres. Os únicos utensílios utilizados na fiação eram a roca e o fuso. Com estes utensílios a mulher fiandeira, para obter o fio, colocava a rama têxtil previamente cardada na roca, depois com a mão esquerda retirava uma porção de fibras, juntava-as e colocava-as no fuso que segurava com a mão direita. Feita esta operação, a mulher segurava a ponta do fuso entre os dedos polegar e indicador da mão direita, dava-lhe um movimento de rotação afim de que os filamentos se torcessem sobre si mesmos e formassem assim um fio redondo; depois dava-lhe um movimento contrário de rotação e o fio obtido era enrolado no fuso, umas vezes de baixo para cima, outras de cima para baixo. Assim, era comum se ver em quase todas as casas do sertão nordestino, mulheres fiando, tecendo redes, punhos de redes. Sentadas nas calçadas e nos terreiros saboreando um café com tapioca e falando da vida alheia. O ato de fiar tornou-se um passatempo que foi transmitido a muitas gerações.